terça-feira, 4 de novembro de 2014

Abismo

Já estive a beira do abismo algumas vezes,
Com a sensação de fracasso ecoando aos ouvidos.
Com a solidão abraçando-me de braços frios
Abrindo as entranhas de minha alma com fartas sedes.
São apenas olhares fugazes,
Daqueles que não passam de mortos-vivos.
Defendendo inutilidades com seus brios
Não percebendo que somente estão enlaçados por emaranhadas redes. 

 *****

A escuridão acabara por se tornar amiga,
Guardando melhor os segredos que tinha a contar
Entoando minhas velhas canções de menina
Tomando minha mão e me pondo a dançar
Talvez apenas uma louca varrida,
Que os olhos secou de tanto chorar
Amargura deu lugar à ânsia felina
Que veio com o inferno a vida coroar.

***** 

Já estive a beira do abismo algumas vezes
E por ele encantadoramente atraída,
Tornei-me sua Rainha decaída
Casei com os beijos doces de sua perfídia
E bradei em altos timbres sua prole de maldizeres.
Com os lábios vorazes
Ignorando a prudência a muito definida
Fazendo de suas vontades regalia
Para desfrutar de seus insondáveis prazeres.

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