por W Y. Roses
E de repente, vai-se o anjo, sem aviso,
E eu espero.
Não há cores, não há música, não há versos,
Nem sabores.
E eu espero.
Não há cores, não há música, não há versos,
Nem sabores.
Na parede pendurados, empoeiram-se os quadros,
Empoeiram-se os sonhos.
Em meu peito congelado,
Fervem lembranças, flores, dores.
Empoeiram-se os sonhos.
Em meu peito congelado,
Fervem lembranças, flores, dores.
Flores mortas na varanda,
Folhas velhas no quintal.
Forças mortas em minh'alma,
Forças velhas, formas e cores...
Folhas velhas no quintal.
Forças mortas em minh'alma,
Forças velhas, formas e cores...
Onde estás aquela fada,
Teu sorriso, teus perfumes.
Já morreram meus arranjos,
Dia e noite em teu recanto.
Teu sorriso, teus perfumes.
Já morreram meus arranjos,
Dia e noite em teu recanto.
Eu guardei as minhas fúrias,
Meus desejos, meus encantos.
Meus desejos, meus encantos.
Assinei com próprio sangue, doce pacto,
Doce canto.
Mas não disses que se ias, assim tão longe,
Assim... Eu espero.
E de repente vai-se o anjo, sem aviso,
E eu espero.
E eu espero.
Mas não há música!
Não há cores!
Não há versos!
Não há nada!
Noite e dia no espelho,
Nenhuma sombra,
Nenhum murmúrio.
Nenhuma sombra,
Nenhum murmúrio.
Perder-te-ei assim aos gênios?
Assim ao mundo?
À vida, às lendas?
Assim ao mundo?
À vida, às lendas?
Noite e dia em minha cela,
Apenas sombra,
Somente murmúrios.
Apenas sombra,
Somente murmúrios.
Perdi-me aos ecos,
Perdi-me aos prantos,
Em meio ao escuro, cego,
Incomposto.
Perdi-me aos prantos,
Em meio ao escuro, cego,
Incomposto.
Aguardo as chaves,
Espero a carroça, meus feitiços, minha espada.
Mas temo chegar-me à ponte,
Temo nunca mais encontrar... Quem és agora?
Espero a carroça, meus feitiços, minha espada.
Mas temo chegar-me à ponte,
Temo nunca mais encontrar... Quem és agora?
Doce fada, doce sonho,
Resides ainda, na mesma casa?
Ou assim como o anjo tornou-se louco,
Tornara-se assim em algo novo?
Resides ainda, na mesma casa?
Ou assim como o anjo tornou-se louco,
Tornara-se assim em algo novo?
Não me importo, não me importo!
Pois és sempre, a mesma, a mesma...
São mil fases, são mil faces,
Mas para mim são todas belas.
Pois és sempre, a mesma, a mesma...
São mil fases, são mil faces,
Mas para mim são todas belas.
Mas serei eu assim tão negro,
Ainda o mesmo, em mesma estrada?
Terei eu em minha guerra, tornado assim,
Um ignorante?
Ainda o mesmo, em mesma estrada?
Terei eu em minha guerra, tornado assim,
Um ignorante?
Terão as duas crianças, em seus avanços,
Finalmente,
Se separado?
Finalmente,
Se separado?
Terás se tornado esta lenda tão complexa,
Que assim como o ácido,
Não mais bebemos... Sem que nos consuma?
Que assim como o ácido,
Não mais bebemos... Sem que nos consuma?
Mas não há som!
Não há versos!
Não há cores!
Não há nada!
Não há versos!
Não há cores!
Não há nada!
Nem mil anjos são capazes,
Nem musas, nem ninfas, nem demônios.
Só há uma, só há uma...
Nem musas, nem ninfas, nem demônios.
Só há uma, só há uma...
Nem mil rosas são maiores.
E sem som,
Sem versos,
Sem cores,
Sem vontade...
Sem versos,
Sem cores,
Sem vontade...
Aguardo em meu espelho,
Nas grades da cela,
Em suas costas,
Sua janela,
Em teu lado.
Nas grades da cela,
Em suas costas,
Sua janela,
Em teu lado.
Três palavras,
Ou um gesto,
Dois sorrisos,
Mil letras repetidas.
Ou um gesto,
Dois sorrisos,
Mil letras repetidas.
Aguardo,
Fiel às minhas palavras,
Fiel ao meu Confidente.
Todos os dias, em minha loucura,
Em meu exagero.
Fiel às minhas palavras,
Fiel ao meu Confidente.
Todos os dias, em minha loucura,
Em meu exagero.
Fada, anjo, gênio, o que sejas,
Primeira ou centésima fase,
Novos ou velhos perfumes.
Primeira ou centésima fase,
Novos ou velhos perfumes.
Até a espera de um único dia.
Longe, mas tão perto.
Indo e vindo, mas nunca apago.
Chama viva, mesmo quando fria.
Enquanto eu viver, enquanto eu existir.
Indo e vindo, mas nunca apago.
Chama viva, mesmo quando fria.
Enquanto eu viver, enquanto eu existir.
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